quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Prudência





Amados filhos em Deus, que nos abençoe Jesus. O estudo de Obras Póstumas, mostra–se cada vez mais fecundo, fazendo–nos adentrar no pensamento e na intimidade intelectual do Sr. Kardec.

A adoção dos planos de uma comissão central, visava, como bem podemos observar, à proteção dos centros espíritas e da própria doutrina. Em países como o Brasil, a casa mater do Espiritismo é representada pela Federação Espírita Brasileira, que segue aquelas orientações do codificador e, todavia, é censurada pela disciplina que apresenta, uma vez que não se afasta dessas diretrizes, apesar dos inúmeros apelos, insultos e calúnias que lhe são dirigidos.

É fácil teorizar acerca da Doutrina Espírita. É fácil usar a palavra para movimentar pensamentos em direção a objetivos traçados. Mas, como é difícil cumprir à risca as metas idealizadas.

Vemos com muita prudência e algum receio os empreendimentos novos que surgem visando à divulgação do Espiritismo. Compreendemos a necessidade dessa divulgaço em termos de modernidade, mas observamos que nem tudo se adapta ou convém à Doutrina Espírita.

Sabemos que, por informação do próprio Sr. Kardec, o Espiritismo não chegará a ser uma doutrina universal, abraçada por todos. Universais serão os seus princípios, pelo que haverá católicos-espíritas, budistas-espíritas, e outros e outros, que se tornarão simpáticos e até mesmo adeptos de algumas partes da filosofia ou da ciência e religião espírita, mas que permanecerão fiéis às suas igrejas. Essa ambição, por assim dizer, de conquistar prosélitos nos parece perigosa, em relação ao uso dos meios empregados para atingir tal objetivo.

A concepção kardequiana de centros espíritas pequenos, onde todos se conheçam, onde os problemas podem ser repartidos, constitui, sem dúvida, um modelo seguro de expansão das idéias espíritas. Se nos conservarmos fiéis a essa recomendação, poderemos observar que é desnecessária a divulgação massificada, nos moldes utilizados por outras ideologias religiosas.

Enquanto apontam no horizonte rumos tentadores, acompanhados de tentativas gigantescas, adornadas de palavras bem colocadas, de argumentos bem embasados, tudo leva a crer que tais idéias parecem boas, saudáveis, mas, nós, os Espíritos, observamos com prudência e reserva a concretização das mesmas.

O maior bem que se pode fazer à Doutrina Espírita é, sem dúvida, a sua divulgação. Nós comungamos com esse pensamento. Mas divulgá-la em sua pureza, em sua beleza, guardando-se a necessária coerência com a obra da Codificação. A tentativa de adaptá-la às modernidades do momento poderá sujeitá-la aos riscos da vulgarização.

Encarecidamente, os Espíritos rogam que uma luz se acenda no Movimento Espírita, mostrando o melhor caminho, nesse contexto de divulgação e propagação do Espiritismo, àqueles que desejam incumbir-se desse mister.

Poderão os nossos queridos e amados filhos julgar-nos antiquados, conservadores e moderados, mas a tudo isso chamamos prudência.

Que ambicionam os espíritas para a Doutrina? Quantidade de adeptos? Casas superlotadas? Pessoas que entrem no Centro, escutem a exposição doutrinária, apaixonem-se pelo expositor, ou desejam, ao contrario, que as pessoas ingressem nas casas espíritas e aí se deixem envolver pela verdade dos elevados conceitos da doutrina imortalista?

Que ambicionam os espíritas para a Doutrina Espírita? Que ela se exponha em imagens televisivas de alta configuração, mas que sejam um fac-símile de seu verdadeiro conteúdo? Que pessoas se empolguem com curas físicas, com fenômenos de ordem mediúnica, mas não tenham real acesso à filosofia e à moral espíritas?

Meditemos até que ponto a imagem poderá substituir a palavra escrita que sedimenta o conhecimento no espírito humano.

Meus amados filhos, o assunto comportaria uma exposição mais demorada. O espaço desta reunião, entretanto, não o permite. Por isso interrompemos nossa comunicação, ainda que o tema sugira uma análise mais prolongada. Deixamos, porém, a seguinte questão para reflexão de todos: O que, de fato, é melhor para a Doutrina Espírita e, consequentemente, para os próprios espíritas?

Que a paz de Jesus os ampare hoje, amanhã e sempre, são os nosso votos.

Miguel Vives y Vive

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