quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Encontro


Quando encostei minha barca às margens do rio sagrado, o vento cantava entre os juncos e a melodia do tempo ecoava nas canas de bambu.

Cheguei e Tu não estavas! Tu que virias preencher o vazio de mim mesmo!

Chorei a lamentar a minha incúria que me fez tardio ao encontro marcado. Fui insensato. Distraíram–me as bailarinas da aldeia e a cortesã pintada, com seu riso fácil.

Por tempo demasiado recostei–me em almofadas de seda, esquecido que Tu amas a choupana simples e a esteira de palha, no chão batido do coração humano.

No ar doce da tarde havia a promessa de uma noite cálida, mas para mim que não Te encontrei, a melodia do tempo era cantiga de solidão.

Tua ausência fez de mim navegante solitário, a transitar nas sombras, sem encontrar meu porto.

Andarilho das águas! Localiza meu barco! Assopra a flauta que eu acorrerei ao Teu chamado.

Ah! Amado Senhor perdoa–me! Move–me a agonia da Tua ausência, todavia, intentarei alcançar–Te e, ao fazê–lo despojar–me–ei dos meus haveres; entregarei a barca dourada das ilusões e com as mãos trançarei, de juncos humildes, uma nova embarcação.

Cantarei as canções da aldeia distante e para Ti bailarei, contente, às margens do Ganges.

Tu ouvirás meu canto, olharás o meu bailado e, compassivo, me estenderás a mão clemente.

Oferecer–Te–ei a choupana das minhas renúncias e a esteira da minha submissão.

Mendigarei a esmola da paciência e da resignação, e a Ti entregarei todas as minhas conquistas. Rasgarei as vestes da vaidade e desnudando o peito, mostrarei as marcas da minha viagem para Ti.

Tu modificas os que Te encontram e, ainda que mendigo, serei ditoso, abençoado pela riqueza da Tua misericórdia.

Sol da minha noite! Brilha em mim e permite que eu reflita, aos miseráveis do caminho, a radiância da Tua luz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 

Design by Denny