Perguntaram certa vez a Ernest Shackleton*, famoso explorador britânico da Antártica, qual tinha sido o momento mais terrível que ele passara no continente gelado.
Alguém poderia pensar que ele contaria a história de alguma terrível nevasca polar, mas não foi isso. Contou que seu mais terrível momento veio certa noite quando ele e seus homens estavam amontoados numa cabana de emergência, tendo sido distribuídas às últimas porções de alimento.
Enquanto seus homens dormiam profundamente, Shackleton permanecia acordado, com os olhos semicerrados. De repente, viu um movimento sorrateiro de um de seus homens. Espiando naquela direção, ele viu que o homem furtivamente ia à direção de outro e retirava um pacote de biscoitos da mochila de seu companheiro.
Ele ficou chocado! Até aquele momento, ele teria confiado a própria vida àquele homem. Agora tinha suas dúvidas. Mas então, enquanto observava, percebeu que o homem abria seu próprio pacote de biscoitos, tirava de lá um bocado do seu alimento, colocava-o no pacote do outro homem, e o recolocava na mochila do companheiro.
Ao narrar a história, Shackleton disse: "Não ouso dizer o nome daquele homem. Acho que seu gesto foi um segredo entre ele e Deus."
Sir Ernest Henry Shackleton (1874-1922) foi um explorador irlandês, hoje lembrado principalmente pela sua expedição Imperial Trans-Antarctic Expedition de 1914-1916, no navio Endurance. Embora sua aventura tenha sido abafada pela primeira guerra mundial, foi uma das maiores de toda a história. Sir Ernest Henry Shackleton trouxe de volta toda sua tripulação, 26 homens, do frio polar antártico depois de 20 meses de total provação, numa grande demonstração de coragem e liderança.
Quem já não passou na vida por uma situação limítrofe, onde as pessoas se desfizeram de suas mascaras sociais e, finalmente, se revelaram, e a partir deste momento o seu conceito sobre aquela pessoa mudou completamente?
Há algum tempo li um artigo muito interessante sobre um longo processo de seleção para o cargo de vice-presidente de uma grande empresa inglesa, onde depois de passadas todas as etapas ainda restaram dois candidatos de excelente nível, e a decisão ficou a cargo do presidente da empresa, que, imediatamente escolheu um, e justificou para sua diretoria o motivo: ambos eram tecnicamente preparados para o cargo em todos os sentidos, mas o que pesou na balança em sua avaliação foi uma cena ocorrida antes mesmo do processo iniciar, quando os dois candidatos estavam no mesmo vagão do metrô londrino e uma senhora idosa entrou e se posicionou em pé ao lado de um deles que estava lendo o jornal, que mesmo percebendo a sua presença, ignorou-a. Segundos depois o outro se levanta de seu lugar no final do vagão e convida aquela senhora a ocupá-lo.
Segundo o presidente esse foi o critério de desempate utilizado, pois, este fato demonstrou a verdadeira índole dos dois.
Obs.: Na Europa, diferente do Brasil, é muito comum as pessoas, mesmo que possuam um veiculo próprio, irem de trem, metrô e ônibus para o trabalho.
Por isso, a sua real natureza pode despertar em qualquer momento, em qualquer lugar e se não for condizente ao que você demonstrar ser ao mundo, toda as suas mascaras cairão, colocando em cheque o seu caráter.
Um abraço
Lu e Dani
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4 comentários:
Muito bom. É nos pequenos detalhes no dia a dia e nas relações humanas que a gente vai identificando quem vale a pena de verdade. :)
Mas já há uma série de novas postagens, Luciana. É que a do sorteio está em destaque, mas logo abaixo da do sorteio há uma série de novas postagens. Inclusive a de hoje já saiu...
Perfeito!!! Caráter é fundamental. É ele quem estabelece o limite entre direitos e deveres. O limite de respeito para com os outros. Caráter para o mundo que queremos ter! rs
Bjs
É nos pequenos gestos que conhecemos o caráter de uma pessoa! Costumo observar muito mais o que fazem do que o que falam, a boca nem sempre diz o que vai no coração...
Beijos, bom final de semana =*
Meu blog: http://doceinsensatez.com/blog
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