Estamos em pleno ano 2000 DC e vemos nosso país atingir as mais altas taxas de desemprego dos últimos vinte anos. Nosso país tem crescido à uma taxa próxima de 2% nestes últimos 20 anos.
Nos trinta anos anteriores o índice médio foi de mais de 7% de crescimento. Logo existe uma conclusão imediata de que o Brasil precisa voltar a crescer para aumentar a quantidade de empregos para diminuir o desemprego.
Com menos desemprego teremos mais qualidade de vida.
Este raciocínio pode ser tão simples quanto enganoso.
O grau da qualidade de vida não está só ligado ao índice de emprego. A realidade não é tão simples assim. Existem outras variáveis que influenciam a qualidade de vida. Uma delas é a qualidade do trabalho que o ser humano realiza.
Existe a impressão generalizada que trabalho é sinônimo de emprego. Que trabalho é toda atividade realizada em troca de uma recompensa material, o salário.
Contudo, existem várias atividades que não tem uma compensação monetária. Por exemplo o trabalho doméstico. Na maioria das vezes a atividade não é remunerada.
Quando o é recebe uma compensação muito baixa, comparada com outras atividades. No entanto, sem essas atividades domésticas, a qualidade de vida cairia muitíssimo.
Por outro lado existem empregos em que a compensação salarial é comparativamente alta, mas a contribuição social dessa atividade é negativa. Um exemplo é o emprego de parentes no serviço público.
A maioria dessas pessoas não chega sequer a comparecer nos seus locais de trabalho. Elas recebem seus salários no final do mês, sem nada terem contribuído para si ou para a sociedade.
Logo emprego não é igual a trabalho. À função trabalho associamos o valor da construção do seu agente e da sociedade. Quando esse valor for positivo vamos chamá-lo de trabalho, quando for negativo vamos batizá-lo de “destrabalho”.
Então, “destrabalho” pode ser uma atividade remunerada ou não que não constrói o indivíduo que a executa e nem a sociedade.
É fundamental ao nosso conceito de trabalho, a construção simultânea do indivíduo e da sociedade. Ao nosso ver a recompensa monetária não é necessária para se caracterizar trabalho. Por exemplo, um serviço social voluntário num hospital é uma atividade que trás uma grande satisfação para quem o pratica e agrega uma grande construção social.
É uma pena que a maioria das pessoas ainda não tenha descoberto a satisfação de uma atividade social não remunerada.
O impacto econômico, provavelmente, não seria importante, mas a qualidade de vida aumentaria muito.
Vimos que pode haver emprego sem trabalho e que podemos ter trabalho que não é emprego. Vimos também que a qualidade de vida não está unicamente ligada à níveis de emprego, mas a níveis de trabalho.
Então nosso desafio social não deve ser o de aumentar prioritariamente o nível de emprego, mas o nível de trabalho. Para isso podemos desenvolver várias frentes: reduzir os empregos sem trabalho, melhorar a qualidade do trabalho nos empregos e também incentivar o aumento da quantidade e da qualidade do trabalho sem emprego, ou trabalho voluntário.
É muito provável que reduzindo o destrabalho acabemos reduzindo o desemprego.
Texto de Cesar Graça
www.sbee.com.br
quarta-feira, 26 de maio de 2010
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Um comentário:
Bom dia!
Tenta assim > clica em cima da imagem com o mouse direito,selecione COPIAR IMAGEM COMO...clica com o esquerdo e irá copiar na pasta que escolher!
Me fale se deu certo ok!
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