O sofrimento que sentimos em algum momento da vida é sempre alguma forma de não-aceitação, uma forma de resistência inconsciente ao que aconteceu ou ao que está acontecendo.
Na doença, por exemplo, o problema maior é o que pensamos e sentimos quando estamos doentes. O mais comum é nos sentirmos fracassados, revoltados, com raiva da situação. Culpamos os outros, culpamos a vida por nos fazer passar por isso, culpamos a nós mesmos, culpamos a Deus.
Quando fazemos isso estamos resistindo, lutando, nos debatendo, não querendo aceitar uma situação que não pode ser mudada.
Sempre que acontecer alguma coisa em sua vida que o faça sofrer – uma doença, perdas financeiras, o fim de um relacionamento, a morte de alguém, ou a proximidade da sua própria morte, a melhor atitude interior é aceitar. Diante de uma realidade, diante de um fato consumado, de nada adianta espernear, resistir, não aceitar. Nada vai mudar aquilo que é.
Aceitar não é acomodar-se, não fazer nada, desistir, entregar os pontos.
Ao contrário, é fazer tudo que pode ser feito, mas sem criar resistência, negatividade. É aceitar as coisas do jeito que são agora, ao mesmo tempo em que se faz o possível para resolver uma situação ou vencer uma doença.
Quando o sofrimento parece insuportável, quando não há nenhum lugar para onde correr, quando não há o que fazer para escapar da situação, você ainda tem uma escolha: entregar-se. A entrega não transforma aquilo que é, ao menos não diretamente. A entrega transforma você, os seus sentimentos. O seu sofrimento se transforma em paz interior e serenidade que vêm do mais profundo do seu Ser. Essa é a “paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento” (Fl 4,6-7).
Entregar-se é permitir que o momento atual exista. Seja o que for que o momento atual contenha, aceite-o como uma escolha sua. Se o que está acontecendo agora não pode ser desfeito porque já está acontecendo, aceite-o, ao mesmo tempo em que faz o que tem de ser feito, o que quer que a situação exija. Se você se submeter a esse estado de aceitação, deixa de criar negatividade, sofrimento ou infelicidade. Passa a viver em um estado de não-resistência, um estado de graça e de luz, livre dos conflitos em sua mente.
Pode parecer que o que causa o seu sofrimento é algo que aconteceu ou está acontecendo na sua vida, mas não é bem assim. A causa do sofrimento, pelo menos em grande parte, é a sua resistência, é a sua luta interior, é a não aceitação.
Se não há mesmo nada a fazer e você não pode mudar a situação, então aceite o aqui e agora totalmente, deixando de lado toda a resistência interior.
Quando o seu sofrimento é profundo, você provavelmente tem uma enorme vontade de escapar e de não se entregar a ele. Você não quer sentir o que está sentindo e isso é muito normal. Mas não tem escapatória, nenhuma saída. Muitas pessoas tentam fugir do sofrimento bebendo, se drogando, agredindo, demonstrando raiva, revolta, comendo demais, comprando demais, trabalhando demais, etc. São fugas que não libertam ninguém do sofrimento. O sofrimento não diminui só porque você tenta esquecer dele. Quando você se recusa em aceitar o sofrimento, tudo o que você faz ou pensa fica contaminado por ele. Você o irradia ao seu redor e os outros captam, sentem.
Quando não existe caminho para fora do sofrimento, existe sempre um caminho através do sofrimento. Mas para que isso aconteça, não fuja dele, abrace-o, aceite-o plenamente e sinta como essa entrega, transforma o sofrimento profundo em uma paz profunda.
Concentre-se totalmente no seu sofrimento, não na pessoa ou no acontecimento que o pode ter provocado. Fale dele, se necessário, mas não crie uma história de sofrimento, não assuma o papel de vítima, não sinta pena de si mesmo, pois isso faz com que você fique paralisado no sofrimento.
Concentre-se no que você sente, não pense, não julgue, não reaja. Preste atenção no que você está sentindo, identifique a dor, o medo, o pavor, a solidão, o que for, mas não se deixe dominar. Fique alerta, fique presente, com todo o seu Ser, com cada célula do seu corpo. Ao entrar nesse estado de plena consciência você se torna invulnerável.
É como se não existisse mais ninguém ali para ser ofendido, machucado. Isso é perdão. A partir desse momento nada poderá atingi-lo. O sofrimento causado por uma perda, pela doença, pela morte já não tem mais o poder de controlar o seu estado interior. Nesse estado de aceitação você recupera a força, o controle. Através dessa rendição você adquire poder espiritual e se torna livre. A situação, seja presente ou passada, já não tem mais poder sobre você.
Todas as situações da nossa vida podem ser oportunidades para exercitarmos essa aceitação: uma fila de banco, um congestionamento de trânsito, o calor, o frio, a chuva, o emprego, o casamento. Podemos aproveitar todo e qualquer sofrimento na vida para alcançar a iluminação.
Em muitas situações da nossa vida é impossível nos sentirmos felizes, mas podemos estar em paz. Pode até haver tristeza e lágrimas, mas se deixamos de resistir, conseguiremos perceber uma profunda serenidade por baixo da tristeza, uma calma, uma presença sagrada. É isso que brota do nosso verdadeiro Ser. Essa é a paz interior, que nada pode roubar.
Não é possível encontrar Deus no sofrimento, enquanto o sofrimento for resistência, conflito, luta interior. Deus pode ser sentido na entrega total, na aceitação incondicional daquilo que é. Quando você faz tudo o que pode ser feito, e ao mesmo tempo, aceita a sua situação, surge uma grande serenidade dentro de você, uma imensa sensação de paz. Dentro dessa paz existe uma grande alegria. E dentro dessa alegria existe amor.
E lá no mais profundo do seu Ser você pode sentir Deus.
*Flávio Wozniack - Parapsicólogo *
*3336-5896 9926-5464*
Referência Bibliográfica: *O Poder do Agora* de Eckhart Tolle
sexta-feira, 16 de abril de 2010
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